A exposição ‘Dell’Architettura. Investigação fotográfica sobre a influência italiana na paisagem carioca’, idealizada pelo Instituto Italiano de Cultura no ano do Congresso da UIA, pretende jogar luz sobre o legado, na cidade do Rio de Janeiro, de mestres da arquitetura italiana de diferentes épocas. O registro em imagens realizado, durante a pandemia, pelo fotógrafo Aristides Corrêa Dutra, revela a filiação técnica e artística comum de obras muito diferentes, por função, estilo, época e desenho espacial, como o Moinho Fluminense, na Zona Portuária, o Hospital da Cruz Vermelha, no Centro, e a atual sede da EAV, no Parque Lage.
A influência, direta ou indireta, do talento artístico e arquitetônico itálico no Brasil, e na capital do Império e da República em particular, é ampla, profunda e de longa data. Séculos antes da Itália começar a existir como expressão política, sua arte e sua arquitetura se impuseram mundo afora, a partir da expansão do Império Romano pela Europa, Egito e parte do Oriente.
A Antiguidade e a Idade Média ainda têm ressonâncias tardias por aqui, em uma edificação como o jazigo Begossi, no cemitério São João Batista, ao passo que o Renascimento, e seus desdobramentos no Maneirismo e no Barroco, terá presença mais difusa e marcante, abarcando o fim da época colonial e o imperial, e mesmo a passagem à República. Agentes fundamentais deste ‘Rio italiano’ foram os projetistas, arquitetos-engenheiros, construtores, técnicos e artífices de várias especialidades, vindos dos vários cantos da península a partir da segunda metade do século XIX.
Trata-se de uma presença rica, duradoura e especialmente abundante quando se pensa nos períodos neoclássico e modernista, passando por estilos como o Art Nouveau e o Art Déco. É neles que a presente investigação mergulha mais, nos acompanhando numa caminhada imaginária através das fachadas, dos volumes, da decoração, e da concepção arquitetônica mais ampla das edificações ainda existentes no Rio de Janeiro. Concepção tributária ora da sobriedade, geometrismo, racionalismo e monumentalidade greco-romanos, ora da busca pela autonomia estética do prédio, realçando a leveza de traços e de composição, a singularidade em meio à paisagem, a adesão aos valores participativos defendidos pelas vanguardas.
Os elementos fundamentais do pensamento e da prática arquitetônicos italianos persistem em sua aclimatação brasileira e carioca, para além do diálogo com as origens e as tradições; as trocas com as escolas brasileiras, particularmente a modernista, ampliaram e aprofundaram o diálogo entre as duas culturas. Em sua face contemporânea continuam a perseguir uma espacialidade participativa e emancipatória, vale dizer, democrática, como forma de tornar a vida em comum mais humana, suave e lúdica.
Desde que a corte imperial subiu a Serra em busca de novos ares, com ela subiu também a arquitetura italiana, expandindo seu legado. Especialmente para esta edição da exposição ‘Dell’Architettura’ na Região Serrana, novas fotografias foram produzidas como registro dessa expansão.
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Realização:
Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro
Colaboração:
Festival di Teresa
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Festival di Teresa: Exposição fotográfica ‘Dell’Architettura’
Data: De 25 de maio a 25 de junho de 2023
Horário: De 9h às 17h
Onde: Espaço Cultural Higino – Av. Oliveira Botelho, 365 – Alto, Teresópolis (RJ)
Entrada: Franca