O termo Linguistic Sexism, criado no âmbito dos movimentos feministas americanos nos anos ‘70, exprime a discriminação que a cultura de orientação patriarcal exerce relativamente ao gênero feminino. A contestação, que abrangia também os comportamentos linguísticos, partia do princípio pelo qual o modo de expressão, frequentemente estereotipado e enganador, contribuía para uma discriminação inevitável também a nível social.
O problema rapidamente se tornou objeto de estudos académicos ao interno dos Gender Studies aplicados à linguística, à sociolinguística e ao léxico. Na Itália, o movimento feminista, influenciado pelo americano e percebendo a urgência da situação, interveio com a publicação de uma série de estudos muito importantes, entre os quais se destaca Il Sessismo nella Lingua italiana de Alma Sabatini (1987), considerado ainda hoje texto fundamental e o ponto de partida para uma análise não sexista da língua italiana com propostas concretas para evitar tal sexismo.
À linguagem vem desde sempre reconhecido um papel fundamental na construção social da realidade e, portanto, também da identidade de género. É, por isso, necessário que seja usada de forma não sexista, sem privilegiar mais o género masculino e sem continuar a transmitir toda uma série de preconceitos negativos e de estereótipos sobre as mulheres.
A intenção, na assinalação de tais problemas, é a de fazer refletir sobre certos automatismos da língua e, portanto, do pensamento, que não são tão inocentes quanto somos induzidos a acreditar.
Debora Ricci
Docente no Departamento de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é colaboradora do CIEG – Centro Interdisciplinar Estudos de Gênero e pesquisadora em Análise Crítica do Discurso Sócio Semiótica Visual / Estudos de Gênero.
Desde 2014 organiza anualmente o Congresso Internacional sobre Estudos de Gênero em contexto lusófono e italiano. É curadora da coleção Estudos de Gênero em Contexto lusófono e Italiano cujo o quinto volume está em edição. É autora de várias publicações sobre língua e gênero, sobre a análise discursiva e sócio semiótica da representação do feminino na paisagem linguística urbana italiana, sobre a escritora portuguesa Maria Judite de Carvalho e sobre Toponímia Feminina em Lisboa.
Colabora com o grupo Escritoras y Escrituras da Universidade de Sevilha (Projeto Europeu Ausências) e é sócia da Associazione Toponomastica Femminile (Projeto Europeu: Topónimos Femininos em Portugal).
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Realização:
EUNIC Rio de Janeiro
Istituto Italiano di Cultura
Alliance Française
Goethe Institut
Instituto Cervantes
Polônia Sociedade Beneficente do Rio de Janeiro
Colaboração:
EUNIC Brasília
EUNIC Curitiba
EUNIC Salvador
EUNIC São Paulo
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Dia Europeu das Línguas: Gênero e Linguagem, debate com a prof.ª Debora Ricci
Data: 25 de setembro de 2020
Horario: 11h
Local: Facebook (Online)
Ingresso: Gratuito