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Centenário Fellini: Exposição Fotografica O Cérebro (e a Caminhada) de Guido Anselmi

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro, a Embaixada da Itália no Brasil, o Consulado da Itália no Rio de Janeiro, o Comune e a Cineteca de Rimini, e o Centenário Fellini apresentam, a partir do dia 18 de janeiro de 2020, às 16h, a exposição O Cérebro (e a caminhada) de Guido Anselmi, que reúne 70 ampliações fotográficas de Paul Ronald (1924 – 2015), celebrado fotógrafo de cena francês e que teve sua trajetória ligada ao cinema italiano, com registros dos bastidores da produção e filmagem de 8½ (1963), obra-prima de Federico Fellini.

As fotografias pertencem ao colecionador Antonio Maraldi, que as recebeu em doação do próprio Paul Ronald no final dos anos 1990. A exposição integra as celebrações dos cem anos de nascimento deste gênio da arte cinematográfica.

Hernani Heffner, curador da exposição, explica que o título se refere ao alter ego de Federico Fellini em 8½, o cineasta Guido Anselmi, cuja consciência/inconsciência forma a matéria-prima do que se vê e ouve ao longo do filme. As 70 imagens foram selecionadas entre os 2.200 negativos que registraram os bastidores dessa produção.

“Tanto as circunstâncias peculiares da realização, quanto o volume de imagens e a documentação mais atenta do processo de filmagem são atípicas mesmo para um cineasta que vinha se consolidando como único’”, comenta Hernani. “Em uma trajetória recente marcada por premiações importantes como a Palma de Ouro por ‘A doce vida’ (1960), e por uma filmografia memorialística, ‘8 ½’ surge como um retrato expandido de um momento de crise pessoal, por conta da dificuldade em encaminhar um novo filme, e do mundo, devido à crise dos mísseis nucleares instalados em Cuba”, observa o curador.

Ele ressalta que “longe de ser um mero delírio casual ou uma narrativa cifrada do id, ‘8 ½’ é o ingresso definitivo de Fellini no cinema moderno, uma incursão em torno do fazer cinematográfico não convencional, moldada por experimentações técnicas como o quadro esférico (a nascente proporção 1.85:1) e rigor de realização nos diferentes setores da produção de que nos dá conta justamente o presente conjunto de fotografias”. Hernani Heffner lembra que “o Oito e meio do filme indica que Fellini considerava que tinha dirigido o equivalente a oito longas metragens e meio, um episódio de um longa”.

 

Patrimonio Imagético da Humanidade

Para Livia Raponi, diretora do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, “O gênio criativo de Federico Fellini e sua obra escapam das definições, tamanha é sua riqueza e complexidade: sem dúvida, o mundo que o mestre criou com suas películas entrou a fazer parte, de maneira indelével, do patrimônio imagético da humanidade. Além de representar uma instância absolutamente inovadora do ponto de vista técnico e estético e um marco fundamental da história do cinema mundial, o artista e intelectual ultrapassou a esfera cinematográfica para tornar-se, pela força de suas imagens e de sua poética, um verdadeiro embaixador de nossa terra e de nossa cultura no exterior.

A Itália que ele inventou, e os personagens que ele criou através de seus filmes, ainda hoje fazem parte de nossa identidade e também do imaginário coletivo sobre nosso país e sobre os italianos no mundo. Foi uma grande satisfação poder realizar, junto ao MAM e em seus lindos espaços, esta iniciativa de tão elevado valor artístico e cultural. A exposição inaugura, no Brasil, uma série de eventos realizados pelos Institutos Italianos de Cultura e pela rede diplomático-consular italiana por ocasião do centenário do diretor, que acontecerão ao longo do ano”.

Em dezembro de 2020, o material produzido por Paul Ronald será doado por Antonio Maraldi ao Museu Fellini, em sua terra natal, Rimini.

 

Cenas dos Bastidores

As 70 fotografias exibidas no MAM são ampliadas e impressas em preto e branco em 70 x 70cm, a partir de arquivos digitais obtidos diretamente dos negativos fotográficos. As imagens revelam o processo de trabalho de Fellini no set de filmagem, sua interação com a equipe, os intervalos de descanso, a preparação dos cenários, a direção de atores, os momentos de reflexão e a estrutura de trabalho em estúdio e nas locações. Surgem assim como um importante instrumento de acesso aos métodos fellinianos de criação, assim como às condições de realização de que dispôs para a consecução da produção.

O olhar de Ronald se distingue do tradicional trabalho de still, calcado mais na reprodução das cenas tal como elas se apresentam na montagem final, e da fotorreportagem de bastidores, centrada nas figuras do diretor e das estrelas, explorando poeticamente o ambiente da filmagem e o filme em formação. “O caráter alucinatório emanado de cenários, figurinos, personagens e abordagem inusual na realização das cenas, captados no momento mesmo do processo de criação pouco claro para o diretor de um filme cuja narrativa é a de um filme em construção, revelam a sensibilidade de Ronald, muito ajustada às pretensões finais de Fellini, e a beleza poética do seu olhar para com o mundo do cinema, revelado metalinguisticamente nos retratos da feitura de um filme sobre a feitura de um filme”, diz Heffner.

Para o curador, as circunstâncias que cercam a gênese e a realização de “8½” já seriam motivo para inúmeras abordagens investigativas tal a importância da obra na carreira de Fellini e dentro da história do cinema. Consagrado de imediato com o Grand Prix do Festival de Moscou e com o Oscar de melhor Filme Estrangeiro e Melhor Figurino, além de outras quatro indicações e diversos prêmios, “8½” tem como fio condutor as dificuldades do cineasta Guido Anselmi em desenvolver seu próximo filme. Seja por estar em crise criativa, por estar doente e por trazer à tona imagens e situações, que se manifestam como cenas sob a forma de sonhos, delírios, lembranças, imaginações, fantasias e indicações de trabalho, Guido acaba por expor seus temores, impotências, contradições e desejos mais profundos e pessoais e também como essa matéria-prima constitui uma das bases de sua criação artística. “8 ½” entrou para a história do cinema “como o filme mais importante da filmografia felliniana e a obra que consagrou em definitivo seu estilo barroco, surreal e personalíssimo”.

 

Paul Ronald

Considerado um dos três maiores fotógrafos de cenas da história do cinema italiano, junto com Tazio Secchiaroli e Pierluigi Praturlon, ambos também muito ligados à obra felliniana, Paul Pellet Ronald nasceu em Hyères, sul da França, em 17 de outubro de 1924. Com formação em náutica, transferiu-se para Nice em função da Segunda Guerra Mundial e começou a frequentar o ambiente de cinema. Conhece o fotógrafo de cena italiano Aldo (Aldo Graziati), que o convida para trabalhar como assistente em “Além da vida” (1943), de Jean Dellanoy.

Após um período trabalhando como fotógrafo de guerra junto aos Aliados, reencontra Aldo e continua como seu assistente em “A Bela e fera” (1946), de Jean Cocteau. Ambos partem em seguida para a Itália, chamados por Luchino Visconti para trabalharem em “A terra treme” (1948), com Aldo tornando-se um famoso diretor de fotografia sob o pseudônimo G. R. Aldo, e Ronald iniciando-se como fotógrafo de cena (stillman) principal. Os dois seguiram fiéis a Visconti por toda a sua carreira, com Ronald inclusive tendo um crédito parcial como diretor de fotografia em “Belíssima” (1950), e fazendo boa parte dos registros fotográficos das encenações teatrais do mestre. Firmando-se na década de 1950 como um dos grandes, senão o maior, fotógrafo de cena (still) do cinema italiano, Ronald trabalha com os principais nomes desta e das décadas seguintes como Blasetti, Genina, Ferreri, Cavani, Lattuada, Risi e principalmente Scola, depois de Visconti.

Atuou também na mesma função em produções internacionais como “Beat the devil” (1953) e “The Bible: in the beginning…” (1966), de John Huston, e “Waterloo” (1970), de Sergey Bondarchuk. Para Fellini, faz a fotografia de cena de “8 ½” e do episódio “La tentazioni del Dottor Antonio”, de “Boccaccio 70”, ambos filmados em 1962, aquela considerada uma de suas obras-primas. Seu último trabalho em cinema foi “Sonho proibido” (1993), de Franco Zeffirelli. Paul Ronald faleceu em 13 de janeiro de 2015 em Gad, sul da França.

 

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Realização:

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro

Istituto Italiano di Cultura do Rio de Janeiro

 

Curadoria:

Hernani Heffner

 

Colaboração:

Embaixada da Itália no Brasil

Consulado da Itália no Rio de Janeiro

Comune di Rimini

Cineteca di Rimini

Centenário Fellini

 

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Centenário Fellini: Exposição Fotografica O Cérebro (e a Caminhada) de Guido Anselmi

 

Data: de 18 de janeiro a 16 de março de 2020

Horario: De terça a sexta, das 12h às 18h; Sábado, domingo e feriados, das 11h às 18h

Local: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – Av. Infante Dom Henrique, 85 – Parque do Flamengo

Ingresso: Bilheteria